1. Não sou economista, pelo que o que vou dizer a seguir pode não passar de grandes barbaridades;

2. O governo não é mais do que a administração desta empresa a que chamamos estado;

3. Os contribuintes portugueses (particulares ou empresas) são os accionistas do estado;

4. Finalmente, e como disseste acima, os portugueses não têm dinheiro,

penso que é um erro o governo investir o pouco dinheiro que ainda tem de reserva (se é que tem algum) em projectos sem ter a certeza que eles trarão algum retorno real, ou seja, que gerem riqueza — produção de bens que evite importações do estrangeiro ou que seja possível exportar para contrabalançar as importações. Se assim não for, o que irá suceder é que iremos esbanjar os últimos bens que temos… Seria como uma família que tendo ficado desempregada de repente e sem qualquer fonte de rendimento fosse gastar os últimos euros que tem no banco num grande plasma lá para casa, em vez de os investir em algo que pudesse garantir-lhes receitas para o dia a dia.

Resumindo, todo o gasto que não gera receitas reais[1] é um luxo, não um investimento. Portanto, se o TGV e o Aeroporto não pagarem o investimento feito em receitas para o país, a sua construção, no momento em que estamos, só servirá para nos afundar.

[1] Os impostos que as empresas e particulares pagarem ao estado como resultado de um investimento do estado não são receitas, porque são sempre menos do que o que se investiu (como é lógico). Uma vez que numa obra pública parte desse investimento ainda irá sair do país (ao pagar mão de obra imigrante e tecnologia e energia adquiridas no estrangeiro), tem de se fazer bem as contas para saber que o dinheiro que entrará no país como resultado desse investimento é superior ao que se investiu.

Quanto ao resto, estamos nos se’s….se sim, se não, se talvez, sei lá se amanhã estarei cá. Não acho justo colocar em risco as gerações vindouras devido aos erros e à má gestão do passado.

Quanto ao aeroporto, se for construido é preciso ver se vai trazer vantagens. Eu cá sou de opinião de construção, salvaçã ode empresas como a Quimonda, porque estão em pontos especificos do pais e não em lisboa. Porque ai já há muito, é preciso e trabalhar nos arredores…

Também de acordo em parte. Mas pelo menos no que toca ao TGV, novo Aeroporto e outros, com o que já está feito (e gasto) no papel, penso que já se poderia arrancar para qualquer coisa. Quanto ao não retorno, das duas uma: quando chegamos a esse ponto (daqui por uns anos) e já a crise tendo passado, seria muito mais fácil lidar com ele.
Se nessa altura a crise ainda se mantiver… já está tudo espatifado sem… retorno :(

Concordo em parte. É certo e provado que o investimento público trará benefícios sociais, mas duvido que o seja a curto prazo. Repara que nas fases das aprovações, estudos, análises, etc etc etc, passará muito, muito tempo, em que o dinheiro gasto irá ser para “a malta do costume”. Gabinetes de Estudo, Empresas de Construção Civil e Engenharias, e não para os seus assalariados, construtores ou engenheiros de segunda linha. Haver o retorno imediato destes projectos em termos de emprego parece-me irreal. Até haver emprego, passarão pelo menos 2/3 anos.

Por outro lado, estes investimentos serão caríssimos e serão amortizados ao longo de muitos e muitos anos. Em caso de não retorno espectável ( o que seria perfeitamente normal ) estamos a hipotecar as gerações futuras, as gerações dos nossos filhos e netos. Daí que concordo com a MFL ( embora não goste NADA dela ) de que qualquer investimento público deverá ser muito bem pensado e arquitectado. Ainda não há qualquer estudo que comprove per se que estes investimentos ( TGV e Aeroporto ) serão mais valias para o futuro.

Daí que, embora concordando que deva ser feito investimento público, acho que mais do que nunca este deve ser completamente estudado, fundamentado e analisados os seus riscos, lucros e mais valias a curto, médio e longo prazo.