O meu filho passou o Dia do Pai de 2005 comigo. Tinha nesse dia 6 anos. Ao final da tarde, ajoelhou-se em lágrimas porque se tinha partido a corda de saltar que a mãe lhe tinha dado no dia anterior. E como ele estava tão feliz com o seu brinquedo novo. Fiquei tão comovido que lhe perguntei onde a mãe a tinha comprado para que nos metêssemos no carro e fossemos comprar uma nova igualzinha à primeira. A resposta implicou fazermos 20 km de Auto-Estrada para cada lado. A um ponto do percurso, o rádio do carro começou a perder o sinal da estação que íamos a ouvir. De modo que mudei para o CD. E os primeiros acordes de uma canção dos AC/DC chamada Night Prowler, cantada ao vivo pela voz de whisky do Bon Scott, ecoaram pelo interior do carro. É uma canção hard rock, mas que é na verdade um blues forte com os seus típicos ritmos e acordes e a feroz guitarra do Angus Young por cima.
Para meu grande espanto, o meu filho apaixonou-se imediatamente por ela. A tal ponto que me pediu para a passar de novo. E outra vez e mais uma ainda, até que só parámos de a ouvir repetidamente quando regressámos a casa. Foram 40 km de “condução Night Prowler” com o meu filho cada vez mais enlevado por aquele som tendo chegado ao ponto de começar a cantar em sincronia com o Bon Scott. No seu inglês, claro está.
Na minha adolescência, ouvi imenso AC/DC e a Night Prowler era uma das minhas preferidas. Mesmo hoje aos 40 anos e sem já ter o apreço que tive pela banda, ainda gosto de vez em quando de ouvir um CD deles.
E ali estávamos nós os três na estrada: o Bon Scott – já falecido há vinte e cinco anos –, eu e o meu filho. Os três a partilhar o mesmo momento de puro prazer. Enquanto escrevia estas palavras, estava a gravar um CD com a canção para lho dar no dia seguinte.
Isto traz-me à memória o monólogo escrito pelo Shyamalan no filme Signs e que termina com a frase “is it possible that there are no coincidences ?“.
Este artigo é adaptado e traduzido da versão inglesa do meu primeiro blog escrito nesta língua.