o kito
14/Abr/2008 @ 16:07 Eu

Dois meses antes de me casar, em 1994, fui com a minha então noiva a Setúbal a casa da minha tia para ela conhecer o meu avô. A minha tia, que era criadora de cães Cocker Spaniel Americanos, perguntou-nos se queríamos um, pois uma cadela tinha acabado de ter uma ninhada. Dissemos que não, que íamos viver para um T1, não dava.

Depois do casamento, na volta da viagem de núpcias, passámos por lá de novo. Ainda tinha dois desses cães, então com 4 meses. Voltou a perguntar-nos e ao olharmos para eles, não resistimos e dissemos que sim. O mais difícili foi escolher qual dos dois. Acabámos por ficar com um tricolor.
De seguida, veio a escolha do nome, é tradição no canil da minha tia os cães terem nomes que ver com o Quénia. O próprio canil temo o nome Aberdare, também queniano.
Estivémos a desfolhar um livro sobre o Quénia e acabámos por nos decidir por Kito Pass, o nome de uma das entradas para escalar o Kilimanjaro. O nome completo ficou então Kito Pass d’Aberdare, Kito para os amigos.
Registá-mo-lo no L.O.P (Livro de Origens Portuguesa, vulgo Pedigree), uma vez que até aos bisavós constavam vários campões do mundo e de vários países.

E assim o trouxemos para casa. Entrou na nossa vida com toda a naturalidade. Ia connosco para todo o lado, dormia aos pés da nossa cama e era uma meiguice, como é característico da raça.
Quando chegou o nosso bebé, ficou possuído por ciúmes. Embora não lhe querendo fazer mal, a curiosidade era tão forte que o deixou num tal estado que tivemos que o habituar ao bebé aos bocadinhos. A partir daí, tornou-se o seu amigo inseparável, embora por volta dos 2/4 anos, o “bebé” lhe tenha feito a vida um bocado negra ;-)
Mas ele suportava tudo com alegria.
Quando nos mudámos para uma vivenda com montes de espaço para correr e brincar, foi uma alegria para ele.

Foi pai de uma ninhada de oito cães de uma cadela que entretanto uma cunhada minha tinha também comprado à minha tia. Como foi uma gravidez não planeada :), os cães serem muito caros para se conseguirem vender pelo seu real valor e não podermos ficar com eles, resolvêmos dá-los por cinco contos, para cobrir as despesas que deram enquanto cachorrinhos e com a mãe. Foi um ver se te avias, foram todos no dia em que passámos a palavra. Houve mais candidatos a donos do que cães. Armei-me em empresário e falei com as pessoas interessadas para “sentir” quais as que me parecessem ser mais capazes de proporcionar uma vida boa aos cães.

Quando me divorciei, acho que o Kito foi o “bem” mais discutido, mas acabei por ceder ao argumento de que o cão não se ia habituar a estar um dia inteiro fechado sozinho num apartamento enquanto eu trabalhava e acabou por ficar com a minha mulher num espaço grande.

Hoje, está completamente surdo e cego, dói-me a alma ver aqueles olhos outrora tão brilhantes e meigos, agora baços. Mas, tirando isso, ainda goza de boa saúde e ainda é um cão alegre.
Já não lhe resta muito tempo de vida, com certeza, é o maior “mal” dos cães. Quando ele se fôr, a minha alma vai chorar desalmadamente. Mas por enquanto, ainda cá está :)

O Kito faz hoje 14 anos.

-MG
rss 2 pás de carvão
  1. 14/Abr/2008 | 23:44

    Parabéns ao Kito. :)

    Os animais têm essa capacidade para nos tocar, tenhamos que “feitio” tivermos.
    Tenho um bichinho parecido, preto, que também é dessas alturas e também ele está velhote mas ainda muito brincalhão.
    Foi da ninhada da cadela da minha prima, filho de campeão.
    Não está cego, mas já ouve mal e esporadicamente tem ataques que segundo o veterinário é o equivalente a epilepsia nos humanos. Segundo o mesmo veterinário, poderá ser num desses ataques que o seu coração já cansado da idade não consiga aguentar, e são cada vez mais duradouros.
    Tenho bastante receio, porque é uma completa sensação de impotência não se poder fazer nada, sendo “normal” da raça (caniche). Ver os seus olhos bastante molhados enquanto fica encostado a nós a pedir ajuda é de uma dor interior…
    Mas vem sempre juntar-se a nós antes de tudo.
    Também teve uma cesta desse género, mas roeu-a toda!!

    Nunca me ei de esquecer do dia em que chegou, parecia uma bolinha de pêlo.
    Neste caso não se chama Kito, mas sim Tico. :D

    PS: Gostei bastante do texto, daí o comentário alargado.


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  2. MARIA VITORIA
    28/Ago/2008 | 09:54

    EU TAMBEM TENHO UM KITÓ É UM CNICHE ANÃO COM 12 ANOS QUE ESTÁ QUASE CEGO E SURDO, TEM UM SOPRO NO CORAÇÃO E EPILEPSIA, MAS DESEJO MUITO QUE CONTINUE POR CÁ, JÁ ME DÁ ALGUMAS TRINCAS PORQUE POR VEZES DE ASSUSTA, MAS É UM AMOR DE CÃO.


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atira-lhe uma pá de carvão

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