:Apeadeiro

Eu sou uma daquelas pessoas que nunca na vida tinha pensado em ser pai. Não tinha nada a favor, mas também não tinha nada contra, era uma daquelas coisas em que pura e simplesmente não pensava.
Com o casamento, a questão colocou-se, mais por parte da minha mulher e eu fui na onda.

Quando soube que ela estava grávida, fiquei muito contente. Os nove meses seguintes foram passados em consultas, exames, compras, enfim… uma lufa-lufa de uma alegria antecipada.
Eu gostava que fosse uma menina a quem poria o nome de Mariana, ela dizia que não tinha preferência. Como o nosso médico era muito cuidadoso (et por cause), aos três meses de gravidez fomos ao Porto fazer uma ecografia especial a cores e 3D. Nesse momento, muito cedo, ficámos a saber que era um rapaz. Eu pus logo de lado a ideia de uma menina com vestidinhos aos folhinhos e ganchinhos no cabelo e a futura mamã acabou por confessar que era um rapaz a preferência dela. Ficou estabelecido nesse dia por unanimidade o nome Gonçalo.

Foi em 1998 na altura da Expo e por causa da gravidez, do volume e peso da barriga e do calor que fazia nesses meses, devemos ter sido os únicos tugas que não foram ver o grande evento. Agarrámos nos 100 contos que tinhamos posto de lado para lá ir e resolvemos com eles comprar uma máquina fotográfica para tirar fotos ao bebé que aí vinha.
Temos montes delas, incluindo trinta e seis do parto, tiradas sem flash com um rolo 800 ISO, não fosse eu cegar o médico nalgum momento mais crítico :P

Enfim, tudo isto para dizer que anteontem recebi um telefonema do meu filho a dar-me um beijinho do dia do Pai e a dizer-me que gostava muito de mim.
São momentos destes que nos enchem o coração e nos reconciliam com a vida.

PS. Ficará para sempre a mágoa dos outros dois que perdemos. Hoje seria triplamente feliz, mas às vezes, Deus está a olhar para o outro lado :’-(