Começo pelo fim: Gran Torino é um grande, grande filme. Acerca de (in)tolerância xenófoba; de como um ser humano pode, através de uma profunda raiva interior contra tudo e (quase) todos, ir aos poucos vendo que afinal somos todos iguais. Ao contrário do que li num blogue qualquer (já não consigo encontrar o link) não há no filme uma ponta de Dirty Harry. Este morreu e foi enterrado em Letters From Iwo Jima: na cena em que três ou quatro soldados americanos matam à queima roupa alguns prisioneiros japoneses que tinham à sua guarda, só porque não queriam gramar a seca de… os guardar. Paz à tua alma, Dirty.
E dá uma lição de humanismo a quem o vir, mantendo quase sempre uma postura arrogante, vinda de um trauma de guerra e da sua mui amada mulher, recentemente falecida. Passa do ódio ao que lhe é diferente à compreensão e ao afecto.
Clint Eastwood está enorme. Enche o filme. Os louros vão para ele enquanto realizador e actor.
A cada filme seu ultrapassa o anterior. Desde o Bird em 1988, que se tem feito a cada filme um maior realizador: Unforgiven, The Bridges of Madison County, Midnight in the Garden of Good and Evil, Mystic River e Million Dollar Baby são apenas alguns exemplos.
Não quero acrescentar mais para não ser spoiler, mas deixo-vos apenas uma pérola: após o (jovem) Padre ter insistido com o Walt (a personagem encarnada por Clint Eastwood) para que se confessasse, este responde-lhe:
And I confess that I have no desire to confess to a boy that’s just out of the Seminary.
E claro, o trailer :)
Finalizo pelo começo: Gran Torino é um grande, grande filme.
Concordo plenamente!
Ultimamente, o Clint Eastwood nunca falha. Cada filme que ele lança é um sério candidato a filme do ano.
Como um amigo meu me disse, ele devia ser conservado numa câmara criogénica e libertado de 2 em 2 meses para fazer mais um filme. O mundo agradecia…
Mas não é só a história que nos agarra nos nossos lugares, a forma como a imagem nos é dada onde cada pormenor tem o seu ponto. Como uma das minhas cenas favoritas onde, após se confessar ao padre naquele ambiente de luminosidade característico de um confessionario, ele “confessa” o seu maior pecado ao Thao com um cenário muito similar, em que a rede que os separa e a própria luz cria o ambiente desejado.
É uma cena maravilhosa, típica de um génio…
É só pena que ele tenha de cantar no final do filme.
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Também começo como tu: Grande Torino é um grande filme.
Para escrever algo de jeito, que fizesse jus ao filme, precisava de muito tempo e ainda maior capacidade. Não tenho.
Mas este filme é grande. Concordo também contigo quando referes o pseudo intelectuais que só se sabem masturbar com a sua “cultura”. Têm sempre de ir ao passado (e quanto mais longinquo…melhor) quando têm que tecer comentários.
De facto, qual Dirty Harry qual quê. Este filme não é o passado. Este filme é o futuro. FUTURO. Olhar em frente, ok? Deixar-nos da nossa astronómica estupidez.
Mas mesmo estúpidos, acho que é fácil entender este filme. Sem lamechiches. Com os olhos só um pouco abertos.
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