Vamos a ver se a menos de uma hora depois de ter acordado vou conseguir desenvolver aquilo que ando há tempos para escrever e com um raciocínio e desenvolvimento coerentes e que sejam perceptíveis.
Blogar é um acto muito único e particular.
Há várias nuances na minha afirmação. Primeiro, ao publicar um artigo – e isto, em meu entender aplica-se a todos os blogueiros – deixa sair algo de si, mas ao mesmo tempo deixa entrar. Deixa sair, porque obviamente neste meio de comunicação que é a Internet, um artigo num blog fica à disposição de ser lido em qualquer parte do mundo. É uma mensagem urbi et orbi como as do Papa com a excepção de que às deste ninguém liga enquanto que às dos blogueiros, há sempre alguém que as lê e desses, alguém que lhes encontra algum interesse. E o que entra ? É algo que tenho dificuldade em traduzir por palavras, mas quando se clica no botão de publicar, ganhamos algo. De algum modo, ficamos mais ricos. Enfim, como disse, tenho dificuldade em explicar esta parte.
Blogar é um acto que também tem o seu quê de narcísitico. Não digo de masturbação intelectual, seria excessivo (o JPP talvez seja a excepção que confirma a regra), mas definitivamente de narcisítico. Porque ao fazê-lo estamos a olhar para o Narciso reflectido na água do nosso lago interior, por mais banal que seja o assunto do artigo.
Outro aspecto em que penso algumas vezes é que os blogs permitem a quem possua um, que por cada artigo escrito, tenha os seus 15 minutos de fama do Andy Warhol. Ele falou de ter estes minutos uma vez na vida. Um blog permite tê-los tantas vezes quantas a que se escreve um artigo.
Quanto às motivações de blogar, são muitas e variadas. Nalguns blogs notam-se, noutros não. Há a verdadeira motivação interior e intíma de blogar e pode haver uma diferente que o autor quer transmitir.
Há quem blogue por uma causa, por um assunto de que gosta em particular, por egocentrismo, por querer aparecer, para mostrar aos amigos e muitas outras motivações, incluindo aqueles que blogam simplesmente porque gostam de escrever. É nestes últimos que eu me incluo. E como só posso falar pelas minhas motivações, não só penso que é essa a razão de eu blogar, como tenho a certeza. Porque tão depressa escrevo dez artigos em dois dias, como estou duas semanas sem o fazer. Não me apetece, não estou inspirado, ou simplesmente não tenho nada que valha a pena escrever. Nessas alturas, “salvam-me” (muitas aspas) as imagens que são um componente importante deste blog.
Também há a vertente dos comentários. A maior parte dos blogueiros, de uma forma ou de outra permite-os, embora também haja quem o não faça. Dos que os permitem, há quem diga que lhes são absolutamente indiferentes e quem os ache essenciais. Mais uma vez falo por mim. Não me são absolutamente indiferentes e também não os acho essenciais. Gosto que alguém comente os meus artigos, porque assim sei que concordando ou não com o que escrevi, toquei em alguém. É por isso que não censuro nenhum comentário de alguém que escreve a discordar totalmente do que escrevi ou até mesmo a demonstrar-me por a + b que estou errado. Desde que comecei este blog (o terceiro) no início do ano, apenas não deixei passar um comentário porque além de ter uma opinião, era dada de modo injurioso. Por outro lado, aquilo a que não ligo mesmo é ao número de comentários. Tanto me faz que seja um como vinte a um artigo. Há algumas pessoas que já são mais ou menos habitués nos comentários, o que não faz deste blog de modo algum uma comunidade, mas gosto de saber que há um conjunto de pessoas que gosta do que escrevo a ponto de comentar, seja para concordar, discordar ou até, para acrescentar alguma coisa. A maior parte das vezes em que tenho artigos muito comentados são naqueles em que menos estava à espera que isso acontecesse, como aconteceu agora com o “os sites do gásoil”.
Enfim, isto dos blogs dá pano para mangas e de todas as bolhas que já passaram a pela Internet, parece que é a que se vai aguentar mais tempo. Parece-me que a evolução dos blogs como plataforma de algo, ainda não estagnou, ainda há muito espaço para evoluírem. Só não sei em que sentido.
Isto sim é vontade de blogar. :)
A usar Mozilla Firefox 3.0 em Windows XP