o saco de gatos
22/Abr/2008 @ 10:43 Sociedade

O PSD é um partido de poder. Ok, todos os partidos são de poder, mesmo o BE com os deputados que tem, é um partido de poder, tem poder de influência, pode participar nas sessões da Assembleia, tem os holofotes dos media, etc.
A questão é que o PSD só sabe ser um partido de poder, não sabe estar na oposição. Quando se encontra nesta situação, é o desnorte.

O PSD é um saco de gatos, cabe lá dentro desde o agricultor do interior até ao industrial do Norte mai-lo seu Ferrari. Cabe lá uma pessoa do calibre do Ângelo Correia até essa aberração da natureza que é o Alberto João Jardim. Dir-me-ão que é a prova de que é um partido do povo e abrangente. Até certo ponto, concordo.
Só que enquanto oposição, para quem vê de fora, o saco retorce-se todo com a cambada de gatos que anda lá dentro à bulha. É preciso é que o partido chegue ao poder e para isso, há que garantir que seja alguém capaz de o levar lá, independentemente das suas ideias ou da falta delas. No final, haverá lugar para todos em nome da união do partido.

Num aparte, não compreendo como é que o Dr. Luís Filipe Menezes se licencia em Medicina com uma nota brilhante, tira uma das mais difíceis especialidades – neurocirurgia – também brilhantemente, de tal modo que vai fazer uma pós-graduação no melhor hospital oncológico de Inglaterra, todos lhe auguram uma carreira brilhante, quiçá na investigação e acaba como um político populista (embora sério, reconheço).
Se alguém souber como se deu esta transição, deixe em comentário, que foi uma coisa que sempre me deixou perplexo. Mas tudo bem, como se costuma dizer, “cada um sabe de si e Deus Nosso Senhor de todos”. É uma opção dele.
Também não compreendo como o PSD ao elegê-lo voltou a cair na asneira de ter um líder sem assento na Assembleia da República. E, pior ainda, como fica o Santana Lopes à frente do grupo parlamentar. O mesmo que já provou do que (não) é capaz e que num dia tem um gesto nobre (embora calculado, na minha opinião) ao deixar uma entrevista à televisão a meio e noutro elogia o Fascista trafulha do Berlusconi.
Temos ainda umas aves raras, do género do Ribau Esteves, que é da minha terra (a mulher dele e a minha ex até são amigas). O percurso dele foi Jota » Presidente da Concelhia de Ílhavo » Presidente da Câmara de Ílhavo (por total demérito do seu antecessor) » Presidente da Distrital de Aveiro » braço direito do Dr. Menezes. Pelo meio, tirou a inevitável licenciatura na UTAD. O que sabe um homem destes do país real ?

Agora que se contam espingardas para a eleição do novo Presidente, aparece um de quem nunca ninguém ouviu falar, mais o Pedro Passos Coelho (mais um político profissional que nunca fez outra coisa na vida), a Manuela Ferreira Leite e, eventual e novamente o Dr. Menezes, numa tentativa de reganhar a presidência e acabar com as constantes rasteiras de que tem sido alvo desde que foi eleito (nisso, dou-lhe toda a razão).

Reduzindo ao que interessa, não creio que o Dr. Menezes seja o líder que o PSD e o país precisam. Não lança uma ideia, um projecto de fundo para o país, está descoordenado com o grupo parlamentar e, se voltar a ganhar, vai continuar a ser bombardeado, embora com menos exposição. Mas nunca se sabe, na Figueira da Foz, o Cavaco também era para queimar enquanto os barões se degladiavam até à próxima eleição e depois foi o que se viu.
Quanto à Manuela Ferreira Leite – a Dama de Ferro à portuguesa – parece-me mais um Cavaco reloaded. Serve o PSD, mas não o país. Contudo, tem a seu favor o facto de ter a possibilidade de juntar uma equipa de nível muito superior a qualquer uma do Dr. Menezes, o que não é dispiciendo e já há uma desistência a seu favor.
Seja como for, depois do que disse do Dr. Menezes, só tem mais é que se chegar à frente.

Parece-me que a melhor opção para o PSD e por maioria de razão para o país, pois o Sócrates precisa de quem lhe meta um freio, seria o Rui Rio. Não me parece é que ele esteja para se queimar nesta fogueira de vaidades. Provavelmente, está à espera que o partido se espete em 2009 para aparecer.

É triste, porque o país precisa de uma oposição séria que só pode vir do PSD. O PCP e o BE por omissão votam contra tudo e todos e o CDS há muito que é um circo.

No meio de tudo isto, o Sócrates nem precisa de se esforçar para ganhar as próximas legislativas. Basta continuar a fazer o seu trabalho e a contar com o apoio do Presidente.
E assistir de longe com um sorriso.

PS. Já aqui escrevi que não voto há quinze anos e não tenho partido, não já ?

-MG
rss 1 pá de carvão
  1. 22/Abr/2008 | 13:14

    Olá Mário,

    Concordo com a generalidade do teu artigo. Não sei como um fulano que podia ser brilhante num campo resolveu ser mediocre noutro. Não percebo como é que os italianos não entendem que votar em Berlusconi é praticamente colocar um “chico esperto” da pior espécie no poder (sou de direita (não sou nem PSD nem CDS) mas não sou completamente burro).

    Quanto ao PSD na oposição parecer um saco de gatos é normal pois o partido não tem qualquer consistência ideológica pelo que só o poder pode aproximar as pessoas. O aborrecido é que também não têm nenhuma ideia do que fazer quando são poder. Reduzir deficits não conta na minha opinião.

    O CDS não está melhor nesse aspecto tem demasiadas facções para tão pequeno peso eleitoral.

    Dizeres que o Prof. Mário Patinha Antão não é conhecido (presumo que seja o nome da pessoa que omitiste intencionalmente). Isto significa que ou ele é pouco mediático ou que não acompanhas a sua evolução quer como académico (o que é razoável pois ele é orientador de várias teses de doutoramento em economia - li uma sobre capital e risco e mortalidade de empresas jovens) quer como Director Geral no Min das Finanças e depois por um curto período Sec. de Estado. Se acompanhasses os trabalhos da Comissão de Economia e Finanças do parlamento verias algo mais. Já agora também não percebo porque se candidata.

    Ribau Esteves parece na forma de se exprimir um antigo Sec de Estado da Indústria que de forma labrega dizia que um tipo (de pessoa aqui género político, empresário) necessitava de duas secretárias uma onde comer e outra que comer.

    No último parágrafo algumas pessoas podem pensar que não pertencer a nenhum partido é equivalente a não tomar partido o que não é claramente o teu, nem o meu, caso.


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atira-lhe uma pá de carvão

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