Um avião Airbus 330 da TAP foi obrigado a fazer uma aterragem de emergência no aeroporto brasileiro Viracopos, em Campinas, a 60 quilómetros de São Paulo, no passado sábado, por falta de combustível.
O aparelho fazia uma ligação de longo curso entre Lisboa e São Paulo - Aeroporto Internacional de Garulhos - e viajava com 218 passageiros e 12 tripulantes na altura do incidente.
O comandante da TAP informou a torre de controlo de Garulhos de que estava com problemas de combustível e poucos minutos depois, às 18h17 (hora local, 20h17 em Lisboa), aterrava no Aeroporto Internacional de Viracopos, onde reabasteceu e pôde continuar a viagem até Garulhos, a cerca de 60 quilómetros.
A TAP confirma o episódio, mas desmente a falta de combustível. Reconhecendo que a autonomia do Airbus 330 se situa próximo dos limites para uma extensa ligação entre Lisboa e São Paulo, António Monteiro, director das Relações Públicas da companhia, disse ao Expresso que, neste caso, “o mau tempo no aeroporto de Garulhos condicionou a aterragem de diversas aeronaves”, que foram obrigadas a permanecer no ar mais tempo do que era esperado.
Segundo a mesma fonte, na altura em que nível de combustível do avião da TAP se aproximava rapidamente da reserva, o comandante do aparelho, “por questões de segurança”, tomou a decisão de rumar a Viracopos, reabastecer e regressar mais tarde a Garulhos, à semelhança do que fizeram outros aviões.
Todos estes procedimentos provocaram um atraso de três horas na chegada a São Paulo.
A TAP é uma das companhias nacionais mais pequenas do mundo. Mas pelo seu historial de segurança; por os seus pilotos estarem entre os melhores do mundo também (talvez por muitos terem sido pilotos militares que estão também entre os melhores que há); pelos seus próprios standards de segurança internos que em muito ultrapassam o mínimo exigido pelas leis internacionais de aviação comercial; e por muitos outros motivos ainda, a TAP é ao mesmo tempo uma das companhias mais reconhecidas e prestigiadas internacionalmente. Basta olhar para as (penso que 16) companhias com as quais tem acordos.
E assim sendo, pergunto-me como é possível que faça o que está escrito atrás: utilizar um avião numa viagem transatlântica que tem uma autonomia a rasar pelos cabelos a distância da rota que tem que percorrer até ao destino. Reparem que por ter sido obrigado a andar às voltas em sobrevoo devido ao Aeroporto de Garulhos estar debaixo de mau tempo (situação que acontece todos os dias em todo o mundo), se não houvesse outro muito próximo onde pudesse aterrar, o que é que poderia ter acontecido ? Pergunto eu na minha ignorância.
Eu não sou piloto de aviação e portanto posso estar errado nas minhas sustentações, mas o bom-senso diz-me que isto me parece não ser lá uma grande ideia.
Resta-me a consolação da honestidade pública da TAP. Mas se um dia houver um azar com estas práticas, pode muito bem haver muita gente que não vai ter qualquer consolo através de qualquer honestidade.
Autonomia do Airbus A330 da TAP: 12000 km, segundo a sua própria informação.
Velocidade de cruzeiro do mesmo avião, ainda segundo a TAP: 930 km/h.
Rota da ligação Lisboa-São Paulo, outra vez de acordo com o a informação da TAP.
Distância em linha recta entre Lisboa-Portela e São Paulo-Garulhos: ~ 8000 km. Ver aqui.
Ora considerando o arco da rota que podemos ver no site da TAP e a velocidade de cruzeiro do A330, as coisas parecem-me ser mesmo o que são e também o que a TAP diz serem.
Digo eu como um leigo: podem usar um dos vossos 4 Airbus A340, mas como a sua autonomia é só de mais 1300 km em relação ao A330, parece-me que vai dar praticamente no mesmo. Se calhar é melhor fazerem uma escala para reabastecimento se vos for possível alterar a rota lá pela entidade que as regula. Se não for, deixem de voar para lá. Pelo menos com os vossos próprios aviões.
Se cometi algum erro nas minhas deduções e respectivas implicações, apresento desde já as minhas mais sinceras desculpas públicas à TAP.
PS. Nota sobre os links da TAP. Por estarem as respectivas páginas em Flash para serem mais eye candy, não dá para linkar directamente. Têm que navegar pelos menus até encontrarem as informações que estão neste artigo. Mas também não é difícil.
Pelo que sei, quanto às medidas de segurança, os aviões são “obrigados” a levar mais X% de combustível para salvaguardar estas situações. Quando acontecem estes motivos inesperados, os pilotos (e o controlo de tráfego aéreo) têm todas as informações para saberem quanto tempo o avião pode permanecer no ar e qual o seu raio de acção.
Se necessário, os aviões são desviados para outros aeroportos para aterragens ou abastecimentos - não me parece que tenha sido nenhuma situação “anormal”.
Não é como se as companhias aéreas pudessem andar a brincar a poupar peso metendo menos combustível. :)
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Eu sei disso tudo, mas a TAP e cito: “Reconhecendo que a autonomia do Airbus 330 se situa próximo dos limites para uma extensa ligação entre Lisboa e São Paulo”.
Mas e se o meu tempo estivesse generalizado por S. Paulo nas pistas em que pudesse aterrar ?
E claro que nem sequer insinuei que a brincar para poupar peso as in $$$
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Quando eles dizem “próximo dos limites”, eu interpreto que seja próximo dos limites *com margem de segurança*.
Como bem referiste, a autonomia máxima é 50% superior à distância real… acho que permite estar descansado. (embora duvide que nessa viagem abasteçam o aviao para os tais 12,000Km.) Se derem 20-25% de margem de segurança numa viagem de 8,000Km já me parece mais que suficiente.
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“Como bem referiste, a autonomia máxima é 50% superior à distância real…”
Não, não leste a parte do arco nem o viste no site da TAP ? O avião faz muito mais do que 8000 km. E ainda há os chekcpoints pode onde tem que passar.
Não consegui foi encontrar na web os kms da *rota* (que é esse arco), nem os dados para os poder calcular.
Mas lá que são um bom bocado a mais do que 8000, são.
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PS. Aqui no mapa que também pus no site, podes ver que os 8000 km são em linha recta.
Aliás como escrevi no artigo: “Distância em linha recta entre Lisboa-Portela e São Paulo-Garulhos: ~ 8000 km. ”
Tens que deixar de ler as coisas na diagonal antes de comentar :P
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Pensava que quando disseste 8,000Km era já o valor efectivo.
De qualquer maneira, mesmo usando um site de referencia para as rotas:
http://www8.landings.com/cgi-bin/nph-dist_apt?pass=64358999&airport1=opo&airport2=gru&waypoints=&airspeed=&endurance=&display=map&elevcolor=YES&sua=YES&roads=YES&vors=YES&trackwidth=10
Mostra que a distancia real é de menos de 8200Km - mas se for preciso confirmo mesmo com um piloto da Tap, para ver se o arco que aparece no desenho da TAP tem valor efectivo ou se é mero “design”. ;)
Porque também acho ilógico colocarem um “arco” que represente mais 50% de distância da rota mais eficiente.
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Mas tu pensas que as rotas da aviação comercial são linhas rectas ?
Havia de haver poucos acidentes, havia.
De qualquer modo mantém-se o que disse a TAP (o bold é meu):
“A TAP confirma o episódio, mas desmente a falta de combustível. Reconhecendo que a autonomia do Airbus 330 se situa próximo dos limites para uma extensa ligação entre Lisboa e São Paulo, António Monteiro, director das Relações Públicas da companhia, disse ao Expresso”.
E se foi o seu director das Relações Públicas que o disse…
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Não são linhas rectas, há “corredores aéreos” de navegação… mas que dificilmente acrescentarã 50% da distância percorrida a uma rota.
E quanto a estar próximo dos limites, novamente digo: há normas internacionais bem estabelecidas para as margens de segurança dessas distâncias… portanto, qualquer alarmismo quanto a isso, me parece ser uma “tempestade num copo de água”.
Todos os dias aviões são desviados para outros lados por causa das condições atmosféricas - isso é o dia-a-dia da aviação, é o seu trabalho, e por norma fazem-no bem.
(O que não quer dizer que não hajam erros, como aquele avião que caiu por causa das confusões das medidas imperiais/métricas - esse sim, abastecido com combustível insuficiente.)
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E aquele caso do Airbus que vinha do Canadá para Portugal, alguém se esqueceu de o abastecer e o piloto de o confirmar na checklist ?
Depois, foi um herói porque teve a sorte de se ter acabado a gasosa não muito longe dos Açores e conseguir planar até lá. Ultrapassando de longe o que a prórpia Airbus tem nos canhenhos como sendo a distância máxima de planagem para o avião.
E ainda teve mais sorte porque aterrou a mais de 500 km/h, e só se partiu o trem de aterragem da frente e toda a gente se safou.
Excelente piloto com uma boa dose de sorte pelo meio ? Talvez. Mas herói ? Devia era ter levado com um barrote de pinho 4×4 na tola.
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Tens que dar desconto… (a não ser que seja no vôo em que vamos nós!)
E se agora é assim, pensa no que virá a seguir, com a geração flight-simulator a pensar que é como nas consolas! :)
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Só dois pequenos detalhes.
A velocidade de 930Km/H só é válida se o vento de frente ou de costas for 0. Se porventura o avião apanhar vento de frente, pode ir numa velocidade em relação à terra de por exemplo 800Km/H, e ventos de 150Km/h nesta altura do ano a alta altitude não são fora do normal… Basta dizer que um vôo trans-atlantico de 9h, pode-se transformar rápidamente num de 11h e numa aterragem de emergência. Portanto a notícia é puro media hype, de quem não percebe nada do assunto.
Se vires neste link: http://www.opc.ncep.noaa.gov/shtml/A_24hr500bw.gif os ventos que são aquele espécie de pentes, diz a direcção e a força do vento, e oh boy, estão bastante fortes.
Portanto perfeitamente normal a aterragem de emergência, e só prova que a TAP, não olhou a custos associados à aterragem de emergência.
No caso do Maquinista, que posso dizer…. Não teve nada a ver com enganos, falhas de abasticimento na bomba da Galp ou serradura. Teve a haver com o facto de durante o vôo o circuito de combustível ganhou uma fuga devido a manutenção deficiente, e com associado a um bug de software E falha (compreensível) por parte dos pilotos (agora é fácil dizer isto…) ter ficado com falta de combustível a algumas milhas dos Açores.
Falha de abastecimento de combustível a mais conhecida é o Gimgli Glider e sucedeu devido à mudança do sistema imperial usado na Air Canada para o sistema metrico.
Finalmente, não tenho nada a haver com a TAP, nem sou Piloto (excepto de cadeira… :-) ), fica só, espero eu, os esclarecimentos.
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Então se dizes: “Basta dizer que um vôo trans-atlantico de 9h, pode-se transformar rápidamente num de 11h e numa aterragem de emergência.”, porque é que nas alturas em que os ventos estão assim, as companhias não utilizam aviões com maior autonomia ? Não seria preventivo ?
Quanto ao outro, na altura foi essa a explicação oficial, mas tanto quanto me lembro, a não oficial foi outra.
Já agora e que pareces perceber da poda (sem qualquer ironia), qual é na realidade a distância da rota Lisboa-Portela São Paulo-Garulhos ?
Se foi media hype e me levou a mim e provavelmente a muitos outros ao engano, então o director das Relações Públicas da TAP devia estar mais bem informado ou escolher melhor as palavras. Porque não foi nenhum media que disse “que a autonomia do Airbus 330 se situa próximo dos limites para uma extensa ligação entre Lisboa e São Paulo”. Foi ele.
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Viva:
Em relação aos vários pontos:
A distância correcta LPPT-GRU é: 7910Km. Podes ver aqui: http://gc.kls2.com/cgi-bin/gc?PATH=lppt-GRU%0D%0A&RANGE=&PATH-COLOR=red&PATH-UNITS=km&PATH-MINIMUM=&SPEED-GROUND=&SPEED-UNITS=kts&RANGE-STYLE=best&RANGE-COLOR=navy&MAP-STYLE=
A situação pode ter sucedido por vários motivos, que, acho eu, perfeitamente normais: muito tráfego em GRU, ventos fortes de frente durante o vôo (não nos esqueçamos que as previsões para o meio do Atlântico, devem ser aproximadas, e a quando do briefing do piloto, eram uma coisa, e depois são outras), e avião bastante carregado.
Em relação a aviões com mais autonomia, a TAP de certeza que voa com mais combustível do que é obrigada a voar por lei. Os críticos das low cost referem (não tenho provas) isso mesmo, já que estas levam o mínimo de combustível para um aeroporto alternante e + 20m, acho eu… É que transportar combustível, queima combustível e custa dinheiro.
Acerca do vento velocidade do vento varia bastante com a altitude, e podia não haver hipótese alguma de prever isso, pelo que não deu hipótese de fugir aos ventos de frente.. Aqui a questão seria que foi mais o tempo de espera em GRU e creio que o mau tempo de que outra coisa qualquer e nessa altura o avião já estava sobre terra. O vôo podia ter declarado emergência e aterrado em GRU de qualquer forma…. :)
Em relação ao media hype, é preciso ver que os jornalistas transformam tudo numa GRANDA noticia, senão não vendem, e logo não têm empregos.
Vê bem, que no caso do avião da US Airways, no IOL diziam (depois corrigido) que o avião foi ATACADO por pássaros! LOL LOL. Tenho pena de não ter tirado um screenshot!
Mas voltando ao assunto, o relatado acontece N vezes por dia em todo o lado e em todas as companhias. Todos os vôos têm aeroportos alternativos, pontos de no return, etc.
Business as usual.
Se quiseres divertir a ver os aviões podes:
Calcular rotas na Europa: http://www.euroutepro.com/fp/fp_main.php?site=pl&language=en
LPPT é Lisboa, e por exemplo MAD é Madrid e EGGW é Gatwick
Ver o que anda aqui por cima: http://mode-s.kispo.net/
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Boas,
Obrigado pelas explicações. Mas não concordas que as palavras do gajo da TAP foram infelizes podem levar muitos leigos ao engano ?
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Infelizes, foram de facto… :)
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Eu só acho que foram “infelizes” por terem sido tiradas do contexto…
estar “proximo” do limite máximo não implica que seja menos seguro que um voo de 100Km (que leva proporcionalmente menos combustível, e consequentemente teria os mesmos problemas)
Ele devia ter frisado bem que era próximo do limite máximo de autonomia *com* todas as margens de segurança exigidas - o tal tempo extra, viagem para aeroporto alternativo, mau tempo, etc.
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É uma porra. Quando se diz algo menos feliz hoje é muito fácil vermos o caldo entornado. Haverá sempre alguém mais hipercrítico nesse dia.
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E, se umas interpretações podem ser infelizes ou acidentais, temos também aqueles títulos “jornaleiros” que são verdadeiramente concebidos para gerar polémica…
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Lá nisso tens toda a razão. Ainda não tinha reparado bem no título: “Avião da TAP encurta viagem por falta de combustível”.
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