será justo para o linux ?
2/Nov/2008 @ 20:52 Software

Isto que vou escrever, tem origem num e-mail que enviei para a mailing list do Planet Geek. É-o, em termos o menos técnicos possíveis, pois estava a escrever para quem está também por dentro do assunto, mas poderia ter opinião diferente da minha e era isso que estava em causa. Também não vou alterar o que escrevi nem aprofundar, take it as it is. A magia também é isto. Pegar em algo que se escreveu à pressa e sem pensar muito num meio e de seguida, passá-lo para outro.
Apenas vou corrigir typos e organizar melhor. Afinal isto é um blog, carago :)

Muito se discute se o Linux é ou não e/ou se vai ser ou não um bom desktop, mas outra coisa que se pode IMHO discutir, é se são justas para o Linux estas discussões.

  1. É que o Linux,  é só o kernel de um sistema operativo UNIX like, nada mais. Sozinho, não faz nada;
  2. Tem depois as GNU Tools que já estavam feitas, daí a velha guerra dos mais zelotas do Software Livre quererem que se chame ao Linux, GNU/Linux. Eu não chamo, mas não deixam de ter uma certa razão, é que com as GNU Tools, o chamdo Linux já é um sistema operativo funcional;
  3. A seguir, vem o X (estamos a falar de desktop, não esquecer), feito por outros;
  4. Depois, o gestor de janelas por outros ainda, e se for KDE ou GNOME, são uma coisa de uma dimensão brutal;
  5. Por fim, as aplicações, feitas por quem quer que seja.

Muito dificilmente, tudo fica “perfeito” (com aspas, porque a perfeição não existe), porque os pontos 1 a 4, deviam ser feitos em estreita colaboração pelas equipas. Eu sei que há colaboração e nalguns casos até elementos de ligação, mas não é a mesma coisa que por exemplo numa empresa.

Por os pontos 1 a 4 serem todos feitos pela Apple no OS X (sim, eu sei acerca do ponto 1 e 2, mas eles estudaram-no a fundo, numa empresa que tem biliões para R & D), é que este corre como a manteiga e é o único desktop UNIX, que realmente pegou de estaca. Porque se tivesse certos problemas que tem um desktop Linux (e não vou agora aqui discuti-los), não era pelo look que as pessoas se lhe mantinham fiéis durante anos a fio. E o joe user de um Mac sabe muito menos de Informática do que um joe user de Linux.

Isto levava-nos a outro campo de discussão muito vasto, que é um UNIX ser um sistema operativo muito complexo. Junte-se-lhe o X, o KDE/GNOME/whatever e n aplicações e questiono-me se haverá empresas pequenas que vendem distribuições Linux que façam ou tenham os meios suficientes para poder fazer software testing como deve ser a uma coisa desta dimensão mais do que uma vez ao ano.

Em Red Hat Enterprise Linux, por exemplo, embora eu nunca use X em servidores rola tudo sobre esferas.

É só, obrigado pela atenção :)

-MG
rss 4 pás de carvão
  1. 2/Nov/2008 | 23:00

    Bom post e interessante. Gostaria apenas de comentar no sentido de complementar a questão no Linux, ou GNU/Linux. Eu estou como tu, também lhe chamo Linux, ainda que apenas em conversa, na medida em que quando as coisas são sérias ao ponto de passarmos à escrita, procuro ser o mais exacto possível e falar em GNU/Linux. Mas será que essa preocupação faz sentido?

    Ainda assim, parece bom esclarecer, ou melhor, densificar aquilo que, entre linhas, já havias dito. Há uns bons anos, engenheiros como o próprio Richard Stallman (porque ele não é apenas um espírito, uma mente ou um filósofo…), numa altura em que a informática, se não era embrionária, era pelo menos objecto de estudo por um muito restrito número de pessoas, decidiram que não era justo estarem proibidos de alterar software para melhor o adaptarem às suas máquinas, ou apenas para o melhor. Richard Stallman concluiu que o software proprietário, isto é, essa forma “medieval” de proteger a “propriedade digital”, era ela própria responsável pelo fraco desenvolvimento da informática e pelas suas fraquezas e limitações. Se ele encontrasse uma aplicação que em algum ponto poderia ser melhorada, mesmo que trabalhasse para a empresa que a desenvolveu em primeira linha, ele não a podia alterar, melhorar ou adicionar-lhe funcionalidades sem o seu consentimento.

    Foi nesse momento que ele e muitos outros engenheiros, aos poucos, foram desenvolvendo aplicações “livres” que faziam exactamente o mesmo que as aplicações proprietárias da época, com a única diferença de serem “livres” e distribuídas sob a forma de “código fonte”, aberto, claro está, possibilitando a qualquer um a sua modificação. Isto é, todas aquelas aplicações básicas e às quais nem sempre damos valor, como compiladores, parsers, etc…, com o tempo, foram surgindo em código aberto. Tudo isso vinha sendo desenvolvido, mas faltava algo, isto é, faltava uma base sobre a qual as aplicações poderem interagir e, do mesmo modo, da qual recebessem instruções de alocação de recursos, etc… Em suma, necessitavam de um Kernel, ou para não ser demasiado técnico, necessitavam de um Sistema Operativo.

    Linus Torvals foi o engenheiro que conseguiu desenvolver mais rapidamente um Kernel que era verdadeiramente funcional e sobre o qual pudessem correr todas as aplicações GNU que haviam sido desenvolvidas até então.

    Desta feita, e para concluir, na medida em que esta história já é velhinha, não é justo chamar apenas Linux ao resultado de um trabalho que bebe de muitas outras fontes, como é o caso do GNU. Mas também tens razão quando te referes ao X, ou aos ambientes gráficos. Foram avanços tão importantes quanto o desenvolvimento de todas as aplicações que conhecemos, ou mesmo até do Kernel. Digo-o sem qualquer vergonha porque as aplicações GNU e o Kernel abriam as portas a muitos programadores, mas o X e os ambientes gráficos mais populares como o gnome e o KDE abriram as portas ao mais comum dos mortais.

    Nesse sentido, eu vejo os ambientes gráficos como tradutores. Eles traduzem todo um conjunto de instruções e actividades que correm no PC para uma linguagem gráfica que é familiar e que qualquer humano é capaz de compreender. Quando abrimos o terminal, ou a consola (como preferirem) para, por exemplo, compilar uma fonte, muitos de nós compreendem tudo, ou quase tudo aquilo que aparece na mesma. Mas o leigo que não tem contacto constante com a informática necessita de algo mais para compreender como comunicar com o PC e, ao mesmo tempo, precisa que o PC se faça compreender para que ela o entenda…

    Então sim, concordo contigo quando enalteces o X e os ambientes gráficos, talvez nem mesmo a própria expressão GNU/Linux seja em 100% uma expressão da realidade!

    Uma vez mais bom post…

    Abraço.


    A usar Mozilla Firefox Mozilla Firefox 3.0.3 em Windows Windows XP
  2. 2/Nov/2008 | 23:17

    Eu podia ir agora confirmar, porque é uma daquelas coisas que tenho só de cabeça, mas estou cheio de sono e a caminho da cama.

    Mas salvo erro, a história do Stallman começou quando ele trabalhava (na IBM ?), precisou de alterar o driver de uma impressora por qualquer motivo, contactou o fabricante para que lhe dessem o código para ele alterar e recebeu um não como resposta.

    E esse foi o click.

    Espero não ter dito uma grande asneira, ou a confundir a pessoa, mas acho que foi isto.

    Abraço,
    MG


    A usar Mozilla Firefox Mozilla Firefox 3.0.3 em Windows Windows Vista
  3. André Camilo
    3/Nov/2008 | 20:24

    Quanto à colaboração que achas existir pouco nos vários niveis 1 a 5, tens de ver que a ideia é poderes escolher o que queres usar.
    O gnu tools faz a ponte entre qualquer kernel (Linux, *BSD, etc) e as aplicações. O X faz o mesmo para poderes ter o ambiente que quiseres (Gnome, KDE, XFCE, Enligthment, etc) e está a ser desenvolvido um standard para que as aplicacoes gráficas sejam transparentes em relação ao ambiente que tens (http://www.freedesktop.org).

    E na minha opinião é esta a beleza do mundo “Linux” e não só o facto de ser totalmente grátis! É verdade que há muitas arestas ainda, mas tudo isso está a mudar.
    Quanto ao MacOSX funcionar como manteiga, não concordo, pois tenho um MacBook e não acho o sistema tão estável como o meu Linux (mas atenção, é a minha opinião)


    A usar Mozilla Firefox Mozilla Firefox 2.0.0.17 em Linux Linux
  4. 6/Nov/2008 | 02:27

    Olha só…

    Tenho fatos reais sobre distribuições GNU/Linux, no caso Ubuntu, que traz melhores resultados de uso de um computador do que MS Windows.

    Isso, falando de pessoas leigas (como minha mãe, minha esposa)

    Eu pessoalmente uso Leopard no macbook, e acho imcomparável com qualquer outra coisa que já vi em se tratando de OS. Mas achei muito expressivo o fato de conhecidos meus se darem tão bem com um sistema GNU/Linux - que já foi pré instalado por mim.

    O Gnome é muito intuitivo e bem pensado, e um empacotamento como o Ubuntu está longe de ser “perfeito”, mas não tão mais longe que o Windows - principalmente o Vista. O que conheço de gente quebrando a cabeça com essa aberração de Redmond não está escrito.

    As coisas estão mudando e evoluindo, e logo chegarão no tal ponto em que quase não fará diferença entre um e outro. O que importa é ter um browser.


    A usar Safari Safari 525.20.1 em Mac OS Mac OS X
atira-lhe uma pá de carvão

Nota: Todos os comentários são moderados.