Segunda-feira, 20 de Agosto de 2007
Ubuntu : O Enigma
Para que conste, considero o Ubuntu uma boa distribuição Linux para desktop, provavelmente a melhor a par com o Mandriva no campo do KDE.
Já experimentei as versões mais recentes das duas saber ver como é.
Contudo, há alguns aspectos no Ubuntu que me preocupam.
Já cá ando há tempo suficiente para saber que as bolhas rebentam mais cedo ou mais tarde.
Ora o Ubuntu, digamos que já se aguentou mais tempo até agora sem rebentar, o que não quer dizer que não venha a acontecer e aí, quanto maior a bolha, maior o estoiro.
Adiante...
A situação em que o Ubuntu se encontra neste momento pode dar para dois lados, ambos preocupantes:
- A bolha vai crescer durante mais algum tempo e depois, por qualquer razão (maybe the next big thing ?), rebenta.
Quem é que vai ficar a apanhar os cacos do Linux no desktop ?
É o fim do Linux nesta área;
- A bolha cresce exponencialmente, não rebenta e o Ubuntu torna-se na "Microsoft do Linux".
Ora ambos os cenários são catastróficos, o primeiro é a completa descredibilização do Linux no desktop.
A segunda é mais grave, a grande força do Linux e do Software Livre em geral sempre foi a variedade de escolha.
Num cenário de distribuição dominanante, inevitavelmente vão começar a surgir novidades no Ubuntu das quais os utilizadores não vão gostar.
O Ubuntu está a começar a secar as restantes distribuições
desktop oriented, até o Fedora já está a implodir.
É que diga-se o que se disser, a malta que está a sério no Software Livre gosta tanto de dinheiro como o Bill Gates,
same shit.
E aqui entra o bacano responsável pelo Ubuntu. Para mim, a ideia inicial dele era fazer dinheiro com o Launchpad, mas o Ubuntu cresceu tanto que se tornou maior do que o seu criador.
Por outro lado, uma posição de "monopólio" do Ubuntu no desktop (ou de outra distribuição qualquer) terá consequências no Linux do servidor.
Já estou a ver um decisor de um Banco, por exemplo, a dizer "Hum... querem instalar nos nossos servidores o mesmo sistema operativo tão bonitinho que usam nos vossos portáteis ? Não me parece..."
O Ubuntu não está vocacionado para servir (não sei como há gente com coragem para ter servidores Ubuntu em produção), a SuSE e a Red Hat reinam nos servidores através das suas variantes empresariais (Oracle,
anyone ?), mas uma distribuição única orientada para desktop – que é a face visível do Linux – irá inevitavelmente repecurtir-se no Linux servidor.
Portanto, eu tenho muito gosto que o Ubuntu continue a ser um sucesso e a trazer muitas pessoas para o Linux, mas gostaria de ver algum equilíbrio com mais três ou quatro distribuições.
Volto a frisar, sem variedade de escolha, o Software Livre é inconsequente.
PS. Entretanto, saiu o Euromilhões ao GNOME, se não fosse o Ubuntu já estaria morto e enterrado.
Boas,
Não percebi o teu posto de vista:
1. A bolha vai crescer durante mais algum tempo e depois, por qualquer razão (maybe the next big thing ?), rebenta.
Quem é que vai ficar a apanhar os cacos do Linux no desktop ?
É o fim do Linux nesta área;
2. A bolha cresce exponencialmente, não rebenta e o Ubuntu torna-se na "Microsoft do Linux".
Ora na tua opinião o linux nunca se deveria massificar? Porque não poderia crescer demais com a consequência da bolha rebentar ?
Ou defendes antes a massificação do linux sem "uma base", mas sim com diversas distros a surgirem ao mesmo tempo, sem nunca criar uma união sólida, dando a ideia de caos total ?
Eu acho que o que a maior parte das pessoas queria para o Linux está a acontecer com Ubuntu...
Podem até estar a ganhar dinheiro, but how cares ? A filosofia e a mentalidade da empresa que está por trás de tudo é que dita se se vai tornar ou não a "Microsoft do Linux".
As pessoas por trás de isto tudo até podem gostar mais de dinheiro que o Bill Gates, mas até agora têm-no demonstrado de uma forma muito má, dando CDs grátis, e um sistema operativo para as massas a custo 0. Se continuarem assim têm o meu apoio.
Quanto à ideia dos servers acho que não tem muito a ver... se não ninguém usaria Windows para fazer servidores do que quer que seja.
Apenas a minha opinião :)
Abraços,
Pedro Diogo
De
gamito a 20 de Agosto de 2007 às 01:28
"Ou defendes antes a massificação do linux sem "uma base", mas sim com diversas distros a surgirem ao mesmo tempo, sem nunca criar uma união sólida, dando a ideia de caos total ?"
Neste ponto tens razão, nunca houve um "standard Linux" a sério, nem sequer um sistema de pacotes universal.
Salvo erro, até os RPM da SuSE são desde há algum tempo incompatÃveis com os da Red Hat.
As distribuições Linux sempre andaram em guerra umas com as outras e obviamente que isso não ajudou nada ao sistema operativo.
Ainda hoje o Linux não tem fonts decentes, porque o pessoal do X empurra para o KDE e para o GNOME e vice-versa.
Enfim...
De
Bruno a 20 de Agosto de 2007 às 01:28
Se o Ubuntu desaparecer, algo o substituirá. Com o estado actual das aplicações de desktop, duvido que o choque seja assim tão grande.
O Fedora desde o inÃcio que teve 'problemas', logo dizer que o Ubuntu o afecta não sei se fará sentido. Os utilizadores de RH ou passaram para Fedora (e não esquecer que os primeiros Core apenas tinham suporte de 6 meses! Os actuais acho que já têm mais, mas menos que o Ubuntu, 18 meses no desktop), ou sentiram-se enganados com a mudança da RH e mudaram para outra distro. O LTS tem suporte no servidor durante 5 anos, so qual é mesmo o problema de ser usado em produção, se tem suporte comercial, updates e acaba por ser Debian?
O Mark meteu montes de dinheiro no projecto, acho que a ideia é capitalizar o suporte e assistência, até porque o Launchpad tenderá a ser totalmente aberto.
A escolha continua a existir e não me parece que os lÃderes das actuais distros vão desaparecer de um dia para o outro. Ao fim ao cabo o que leva alguém a criar uma distro é ter a sua ideia de como fazer as coisas, e pessoas com essas ideias não faltam.
O Ubuntu também está vocacionado para o servidor, existe suporte comercial, tem versões com LTS, o problema é ser olhado como uma distro exclusivamente de desktop...
O Ubuntu(Canonical) não produz praticamente software, logo duvido que uma situação de implementação de coisas do lado deles que chateiem os utilizadores só poderá acontecer se eles começarem a absorver os upstreams, o que duvido que aconteça assim com tanta leveza.
O GNOME também tem apoio de outros lados, OLPC, Maemo,...
O Ubuntu tem muito tempo de antena, mas enquanto existir malta a querer fazer as coisas à sua maneira hão-de existir e aparecer novas distros. Ao fim ao cabo o que lá está dentro é sempre igual, só muda o pacote e alguns pormenores no embrulho.
De
gamito a 20 de Agosto de 2007 às 01:31
"O Ubuntu também está vocacionado para o servidor, existe suporte comercial, tem versões com LTS, o problema é ser olhado como uma distro exclusivamente de desktop..."
Não é só isso nem acontece só com o Ubuntu.
O que se passa é que no mundo real das big things, o Oracle rula e só está certificado para SuSE e RHEL.
"Portanto, eu tenho muito gosto que o Ubuntu continue a ser um sucesso e a trazer muitas pessoas para o Linux , mas gostaria de ver algum equilÃbrio com mais três ou quatro distribuições.
Volto a frisar, sem variedade de escolha, o Software Livre é inconsequente."
Isto não acontece por várias razões, mas a principal (na minha opinião) foi que o pessoal do Ubuntu deu atenção aos utilizadores. Conseguiu estabelecer um bom balanço entre software open-source e software proprietário drivers ) além do que apostou em inovar alguns pontos que nenhuma outra das distros para desktop ousou arriscar.
Quais são os motivos técnicos para não usar Ubuntu (ou Debian, dadas as inevitáveis semelhanças) no servidor?. A certificação Oracle não o é de certeza, porque o que não faltam são servidores Linux a correr outras bases de dados (MySQL, PostgreSQL, DB2, etc..). Ou servidores a sério são só os que correm Oracle e tudo o resto é brincadeira?
Quanto ao GNOME, fico muito satisfeito que não tenha morrido. É um DE/WM muito agradável, simples e usável.
"Last summer, CareGroup CIO John Halamka began looking for a viable alternative to the Microsoft Windows desktop operating system. After 16 years using Windows, he had enough of its instability and the countless updates that automatically installed themselves on his computer—often at inopportune times, like when he was in the middle of a presentation. As CIO of a health-care organization and affiliated medical school with 40,000 employees and 9 million patient records, Halamka has to be sure that the computers in the hospital, its administrative offices and medical school are secure, stable and easy to use."
A conclusão mais extraordinária deste estudo foi que o Ubuntu era um SO para utilizadores AVANÇADOS.
"“A balanced approach of Windows for the niche business application user, Macs for the graphic artists/researchers, SUSE for enterprise kiosks/thin clients, and Ubuntu for power users seems like the sweet spot for 2008,� says Halamka. “I’ll continue to watch the marketplace evolve and report on my progress. For now, the only devices I’ll be carrying are a Dell D420 with Ubuntu Feisty Fawn and a BlackBerry 8707H e-mail device.�"
E esta?
Que o Ubuntu é uma boa distro de desktop, é sim senhor...
Que o Ubuntu ajudou muita gente a "entrar" no Linux (muito por culpa dos live CDs oferecidos), ajudou sim senhor...
Que o Ubuntu não é o mais indicado para servidores, não é não senhor...
Que eu, um apoiante do Debian desde as primeiras versões (tive-as quase todas desde a 1.3) também já tive Ubuntu instalado para ver o que era, tive sim senhor...
Agora que a "bolha rebente por que tem que rebentar", pois que rebente, que alguém há-se apanhar os cacos do Ubuntu ou outra distro qualquer, seja evoluida da Debian (para mim a melhor, mas não a mais avançada ou actual), da RedHat ou outra qualuqer....
Enquanto existir GPL não falhará o "motor" do software livre :)
P.S.: O Gnome tem as suas forças como o KDE tem as suas... já usei os dois e outros... neste momento estou com o Gnome em Debian, e serve-me... é mais uma escolha...
Para mim o Ubuntu na questão da utilização já é o Windows do Linux.
É uma distro muito fácil de manusear, é bonita bastante fluÃda e acho-a bastante robusta, é a distribuição ideal de contacto para quem migra do Window$.
Assim como é a distribuição ideal para quem não tem tempo a perder, pois quem vem do emprego ás tantas não deve estar com muita paciência para estar a compilar este programa, procurar as dependências do outro, basta abrir o Synaptic ou se já se safar um pouco com o terminal fazer apt-get milagre e tá o programa instalado + dependências prontinho a usar.
É a distro ideal para quebrar o mito que o Linux é para experts.
Quanto á eterna discussão Gnome x KDE qual o melhor, é uma questão de opção para mim são ambos bons. O KDE é muito mais completo é mais profissional têm funções muito úteis mas também traz algum lixo agarrado.
O Gnome não é tão completo mas é fluido, bonito, prático e funcional. Também para quem não tem tempo a perder é o ambiente gráfico ideal.
Quanto á bolha não faço ideia se rebenta ou não, até prova em contrário para mim o Ubuntu está no topo e tem contribuÃdo em muito para desmistificar o Linux, mostrando ao utilizador comum que afinal este fantástico SO não é bicho e podem exprimentá-lo que ele não morde.
Por isso e até ver eu vou defender o Ubuntu com unhas e dentes.
Cumprimentos ;)
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