histórias da minha vida [1]
6/Mai/2008 @ 17:35 Eu

Depois de ter feito o Curso de Oficiais Milicianos na Escola Prática de Infantaria em Mafra, fui para Tomar para uma Companhia operacional pertencente à Brigada Mista Independente, na altura a força afecta por Portugal à NATO.

Lá, fazia dois serviços: Oficial de Piquete ao Regimento e Oficial de Dia ao Batalhão (Oficial de Dia era só para os Oficiais do Quadro Permanente). Nesses dias usava a pistola Walter de 9 mm, devidamente carregada com munições reais. Serviços na tropa não é faz-de-conta.
Antes das 9 da manhã, que é quando é o hastear da bandeira e a rendição dos serviços, ia buscá-la ao armeiro, preenchia e assinava o talão, e no dia seguinte à mesma hora ia entregá-la e trazia o talão comigo – única prova de que de facto tinha entregue a arma.

Um dia, num serviço que começou à sexta-feira e terminou portanto às 9 da manhã de Sábado, com a pressa de ir para casa (ninguém nunca deu tanto valor ao fim-de-semana como quem andou na tropa obrigado), entreguei a pistola e saí a correr sem o talão.
Só “me bateu” passadas umas horas em casa. “Estou feito”, pensei, o armeiro vai queimar o talão, sair alegremente do quartel com uma arma de guerra do Exército dentro do saco e eu vou passar os próximos 30 anos na tropa, a maior parte dos quais… preso.

A minha primeira reacção foi pedir aos meus pais o carro para ir rapidamente de Aveiro a Tomar, mas eles acharam que eu não estava em condições. Então lá me lembrei que um Primeiro-Sargento do QP da minha Companhia com quem me dava especialmente bem, tinha entrado de serviço nesse dia. Telefonei-lhe a pedir que fosse o mais rápido possível buscar-me o talão para mo dar na segunda-feira. E assim foi. Correu tudo bem, uff!

Do que esta cabeça de 21 anos com alho choço anos se safou, ‘da-se.

-MG
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