O nome Gamito é muito raro. Somos muito poucos. Tanto assim que sempre que digo o meu nome a alguém, disparam-me imediatamente com a mesma pergunta: “por acaso é da família do ciclista Vítor Gamito ?”. Respondo sempre que não faço a mínima ideia. E não faço mesmo. Temos também a tendência a desaparecer, uma vez que nascem mais bebés do sexo feminino do que masculino. No meu caso, se o meu único filho não vier a ter ele próprio um filho rapaz, a “minha linhagem Gamito” vai terminar com ele. Vão ser gerações de Gamitos que vão chegar ao seu final. Acho que é capaz de ser um peso muito grande para um rapaz de 10 anos :) [1]
A História do nome Gamito tem alguns contornos engraçados: o nome nasceu mais ou menos ao mesmo tempo em duas localidades alentejanas: Torrão e Sines. Sendo que todos os Gamitos do Torrão eram familiares entre si e o mesmo com os de Sines. Mas entre os de um lado e os do outro, não havia familiaridade.
No entanto, e vá lá saber-se porquê (talvez pela emigração e por serem 200 milhões de habitantes), há em termos absolutos, carradas de Gamitos no Brasil. É rara a vez em que me tente registar num site com o username “gamito” que já não esteja ocupado.
Mas há sempre um dia em que nos calha a lotaria. E esse vale por todos os outros em que não nos calhou tal sorte: quando o GMail abriu logo nos primeiros dias, um ex-colega de trabalho já tinha conta e 5 convites. Perguntou-me se queria um e eu disse que sim. Como ninguém nesse dia poderia adivinhar no que o GMail se viria a tornar, para ele e para mim era só a curiosidade de ver mais um webmail grátis. Enfim, com o bombom de ser do Google, mas nada mais do que isso. Talvez por ser tão cedo, o endereço gamito@gmail.com estava disponível. Portanto, sou eu o único Gamito do mundo que tem como endereço de e-mail do GMail, só o apelido. [2]
Todos os outros, fizeram como toda a gente: os manuel.gamito, os joaquimgamito, os jorgepgamito, etc.
Passados todos estes anos, às vezes recebo um e-mail que seria dirigido a um outro Gamito qualquer. Suponho que quem os envia deve pensar por ignorância que se a pessoa a quem está a escrever se chama Gamito, então o seu endereço de e-mail deva ser gamito@gmail.com. Quando se trata de uma resposta e ela contém o endereço do devido destinatário, faço um forward para ele, dizendo “este e-mail deve ser seu e veio para mim por engano”. Normalmente recebo um agradecimento em troca. Quando não tenho modo de saber o e-mail do meu homónimo de apelido, paciência. Nada a fazer.
A Internet é uma coisa fantástica, não é ?
[1]: Isto pode vir a não ser verdade. O Parlamento Europeu tem em agenda uma votação para que em todos os países membros, os filhos e filhas herdem o apelido da mãe e não do pai. Com o argumento, algo razoável, de que é a mulher que gera o um novo ser humano e o dá à luz. Parece-me bem e aposto que vai ser aprovada.
[2]: Já por mais do que uma vez recebi ofertas *bem generosas* para vender o meu gamito@gmail.com. Respondo sempre que lamento, mas não está à venda.
Em relação ao ponto 1, uma “correcção” do meu ponto de vista: A opção gerar não será bem correcta, uma vez que resultam da fusão de celulas de ambos os progenitores, salvo rarissimas excepções. Logo, será a mãe que “sustenta” a criança nos meses pré-parto, devido a questões biológicas e da selecção natural.
Ainda não é possivel, pelo menos de forma legal e ética, gerar crianças sem células masculinas.
Contudo, acho que é digno o nome da mãe perpetuar, dado que mãe é sempre mãe…
E só uma achega ao post, realmente pensei que fosse da familia do Vitor Gamito. Já eu sou Santos, e portanto seria da familia de 25 % de portugueses :)
A usar Mozilla Firefox 3.0.5 em Windows XP
Mário,
Podes estar descansado que se o teu filho tiver uma menina, ela poderá colocar “Gamito” como o último dos apelidos dos teus bisnetos. Actualmente, em Portugal, não existe essa regra de ser o homem a dar o apelido aos filhos - ela só se mantém por mera tradição e não por exigência legal (qualquer norma nesse sentido seria contrária ao principio da igualdade de género previsto na Constituição).
A usar Mozilla Firefox 3.0.5 em Ubuntu Linux
Rui,
Sim, eu sei disso. Mas esta tradição em Portugal tem mais força do que uma lei.
Somos um povo estranho. Quebrar esta tradição é quase o 8º pecado mortal. Mas a outra, a de as mulheres quando se casam adoptarem o apelido do marido já começou a cair sem dramas. Eu próprio me casei em 1994, a minha mulher disse que gostaria de manter o apelido do pai pelo amor que lhe tinha e assim ficou sem qualquer debate sequer.
A usar Mozilla Firefox 3.0.5 em Windows Vista
@Ivo Santos: quando escrevi “gerar” foi no sentido de que até ao momento do parto, é a mãe que *de facto* a partir de uma única célula embrionária, carrega dentro de si a formação ao longo desse tempo de um novo ser humano.
E como dizes, mãe é mãe.
Não é por acaso que em Portugal há a expressão idiomática “mãe há só uma”, mas sendo o mesmo verdadeiro para o pai, não há a correspondente “pai há só um”.
Há um fado de Coimbra muito bonito cuja letra do Zeca Afonso é:
Ó minha mãe minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe não tem nada
Quem não tem mãe não tem nada
Quem a perde é pobrezinho
Ó minha mãe minha mãe
Onde estás que estou sozinho
Estou sozinho no mar largo
Sem medo à noite cerrada
Ó minha mãe minha mãe
Ó minha mãe minha amada
A música e esta letra, especialmente na interpretação do Dr. Fernando Rolim, é de fazer chorar qualquer filho.
A usar Mozilla Firefox 3.0.5 em Windows Vista
sou da familia gamito,de jundiai s/p
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