Depois de zurzir as orelhas do Miguel Sousa Tavares por causa do seu recente romance “Rio das Flores”, é a vez de fazer o mesmo ao José Rodrigues dos Santos a propósito do seu também mais recente romance, “O Sétimo Selo”.
O JRS descobriu uma mina: fazer livros iguais aos do Dan Brown. Inventou uma personagem chamada Tomás Noronha que é uma cópia do Indiana Jones – Prof. Universitário de História, aventureiro e decifrador de enigmas – e já vai no seu terceiro romance com ela.
Voltando ao estilo Dan Brown: os capítulos curtos mudando o cenário e as personagens de um para o seguinte para manter o interesse, as cabalas mundiais que o tal Prof. combate, o aviso ao princípio dos livros de que as tecnologias, documentos, etc, referenciados nos livros são correctas. Está tudo lá.
Porém, se “O Codex 632″ era um bom livro e o seguinte “A Fórmula de Deus” era assim-assim, já este “O Sétimo Selo” é uma pessegada pegada. Se calhar nem é pegada, porque na verdade, o livro não tem ponta por onde se pegue. Mas o pessoal ganhou-lhe o gosto e já vai a caminho dos 200 000 exemplares vendidos.
Pelo meio ainda dá umas calinadas, a páginas 74, lê-se:
“Os sistemas de monitorização do projecto secreto Echelon captaram um e-mail (…)”
(…)
“Como se tratou de uma comunicação através da Internet, não temos modo de detectar os pontos de origem e de destino. Apenas podemos ler a mensagem”
Yeah, right!
A páginas 343:
“A sua caixa de correio na Internet apresentava a memória quase bloqueada; eram centenas de e-mails (…)”
Importa-se de repetir sff., Sr. JRS ?
A páginas 447:
“Que nome damos nós aos carbo-hidratos ?
Açúcar”.
Errado, os hidrocarbonetos (é este o termo correcto), são moléculas compostas por Carbono e Hidrogénio. O açúcar é uma molécula de glucose (um anel) ligada a uma de frutose (outro anel) por um átomo de oxigénio.
Então os hidrocarbonetos são açúcar, Sr. JRS ?
Estamos sempre a aprender.
Bem, por mim já tenho a minha dose de livros do Sr. JRS.
“o sétimo selo”, o filme. aww ;____;
desculpa internet, lembrei-me do filme.
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Olá
Era apenas uma pequena correcção ao comentário que fazes sobre os carbo-hidratos (terminologia brasileira transformada para português de Portugal, em Portugal por vezes também se usa o termo hidrato de carbono). O que dizes em relação aos hidrocarbonetos é verdade MAS não é o que ele se está a referir no livro….
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrato_de_carbono podes ver aqui (que redirecciona para carboidrato mesmo à pt_BR!!!).
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Tenho a mesma opinião que tu acerca deste livro: é aborrecido, a trama não tem ponta por onde se pegue e, acima de tudo, a própria escrita não é por aí além.
Já quanto ao Rio das Flores tenho uma opinião diferente. A história pode não ser emocionante como a do Equador, mas está tão bem escrita como aí e, no fim, acaba por percorrer também um bom período da história de Portugal e do mundo durante a primeira metade do século XX, sob várias perspectivas, dadas pela história pessoal das várias personagens, o que lhe empresta muito realismo e textura. O livro é bastante diferente do Equador, mas não consigo dizer de qual gostei mais…
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@hidrato: Sim, hidratos de carbono ou hidro-carbonetos.
Não cheguei a perceber se ele no livro se quer referir a açucar ou açucares, mas usa o singular, logo, está errado de qualquer modo.
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Epá … Desculpa lá o comentário mas tu às vezes és mesmo OBTUSO !!!!
Vê lá se percebes:
Hidrocarbonetos - compostos contedo APENAS carbono e hidrogénio. Fórmula geral CxHy
Hidratos de carbono - como o nome indica hidrato (ou seja que contém oxigénio e hidrogénio tal como o água) de carbono. Ou seja fórmula geral CxHyOz …
Espero sinceramente que consigas torcer o braço :P
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@hidrato: Eu sei o que é um hidro-carboneto, fórmula geral CnH2n+2 ou não se houver ligações duplas ou triplas. E também sei o que é um hidrato de carbono. O que eu pensei é que estavas a dizer que eram a mesma coisa, mas com nomes diferentes em português e em “brasileiro”.
Anyway, o livro está errado. Hidratos de carbono <> *açúcar*.
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Em vez de dizeres mal de livros mal escritos (ou mal editados - mas já o outro fulano diz que os editores, na actualidade, não lêem os livros) podias passar por eles ser lhes ligar peva e tratares dos bons como o do «Tempo dos amores perfeitos»
Não penso da mesma forma que tu sobre o livro do MST, mas quanto ao Orelhas os conjuntos de folhas com capa têm vindo, cada vez mais, a ser “escritos” quase que por autómatos (leia-se com uma espécie de receita). Não têm chama nenhuma.
Parece que finalmente os nossos escritores estão a revisitar o nosso passado para situarem algumas estórias (não é histórias não se trata de erro ortográfico) com um mínimo de interesse. Parece a senda dos quase documentários (como o que a rtp passou ontém (2008 04 15)).
P.S. Obrigado pela selecção músical.
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@Carlos Afonso: Qual selecção ? O blues canino ?
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Carlos Afonso,
Não sou um perito em língua portuguesa mas, ao que sei, o vocábulo “estória”, com sentido de conto, só se usa em português do Brasil e, mesmo assim, o seu uso não é consensual (ver Wikcionário). Em português europeu, “História” é a ciência que estuda o passado e “história” uma narrativa ou conto.
No dicionário online da Priberam “estória” não existe e “história” engloba os dois significados, com a ressalva que a ciência deve ser escrita em maiúscula.
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Eu também não sou linguista nem nada que se pareça, mas tenho a ideia de que esta discussão entre história/estória é uma estória já antiga.
Concordo com o António no essencial, embora faça alguns reparos. A palavra “estória” também é (pouco) usada em Portugal. A editora Teorema até chamou a duas colecções “Estórias” e “Outras Estórias”. Quando alguém a usa, tende a dar-lhe um certo sentido de pompa, como por exemplo:
“Fulano de Tal, esse sim, é um grande contador de estórias”
ou ainda:
“Dan Brown é um contador de histórias, mas Eça era um contador de estórias”.
Se prestarem atenção, nessas alturas conseguem mesmo ouvir um E maiúsculo. Esta tendência deve-se, a acreditar nas minhas investigações, ao facto de “estória” ser a palavra original, um anglicismo criado a partir de “story”. Segundo umas versões, terá sido um brasileiro a fazer a diferenciação entre “estória” e “História” para fazer a equivalência a “story” e “History”. Segundo outras, a palavra foi criada cá pois são encontradas ocorrências desde o século XV. E, tanto quanto eu saiba, no século XV o Brasil ainda era uma miragem.
Concluindo e resumindo: é uma estória ainda sem final à vista e se consultarem dois linguistas sobre o assunto, o mais certo é obterem três versões distintas.
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