as medidas eleitoralistas de sócrates
17/Fev/2009 @ 09:45 Sociedade

Redução de deduções fiscais para os mais ricos e casamentos homossexuais: eis as propostas de Sócrates em tempos de grave crise económica e social. Claro, são bombons destinados a (re)atrair o pessoal de esquerda que anda piurso com o nosso PM e que pode muito bem vir a abster-se ou votar em protesto mais à esquerda ainda, o que não lhe convém nada. Puras medidas eleitoralistas destinadas às Legislativas daqui a uns meses.

Contudo, não posso deixar de pensar que a crise não é necessariamente o centro do mundo, que a política tem muitas frentes e que por arrasto estas medidas — embora cínicas e oportunistas no timing — não deixam de ser da mais elementar justiça e que o país necessita delas.
Como se não houvesse já suficiente (e gritante) desigualdade fiscal e como se um Estado laico tivesse que interferir na opção sexual dos seus cidadãos. E aqui, a minha noção de moral e ética política choca com o oportunismo do Sócrates.
No fim de contas, tenho que reconhecer que embora não sejam as prioridades do momento, estas medidas são muito bem vindas. Malgré tous.

-MG
rss 10 pás de carvão
  1. 17/Fev/2009 | 12:00

    Portanto, ele está a fazer as coisas certas (ou algumas das coisas certas), mas por razões erradas, é isso?


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  2. MG
    17/Fev/2009 | 12:14

    Não é bem isso. É mais o timing. Poderia já ter feito estas coisas, mas se as faz agora por motivos eleitoralistas, é mau do ponto de vista ético-político, então que se aproveite.


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  3. 17/Fev/2009 | 15:56

    Boas,

    MG, então o que interessa é a forma e não o conteúdo, certo?

    O PM gere um governo de um país, não gere a crise económica. Logo é normal que tenha outras iniciativas com as quais podemos ou não concordar. Mas discordar dos timings é desperdício de tempo.
    Relativamente ao casamento de pessoas do mesmo sexo, admito que a coisa podia ter sido resolvida quando da apresentação do projecto do BE. Mas faço outra pergunta se os papeis estivessem invertido, sendo o BE governo e o PS oposição, teria o BE aceitado um projecto do PS do qual não poderia tirar proveitos políticos?
    Quando à redução de deduções fiscais para os mais ricos, não concordo nada que seja cínica e oportunista. Ela é muito oportuna, embora seja uma proposta de discussão para o congresso do PS. Ainda não é sequer proposta para programa de governo! Mas como sempre neste país mistura-se tudo. Não podemos esquecer que nem todas as medidas têm de ter uma eficácia económica. Leio muitos a dizerem que não vai fazer diferença nenhuma. Mas as medidas também devem ter efeitos simbólicos, que são muito importantes nas sociedades. Quantas decisões tomamos na nossa vida cujo principal motivo é simbólico?
    Ás vezes pergunto-me como pode alguém chegar a PM sem fazer as coisas por motivos eleitoralistas. UM PM É ELEITO!

    Abraço.


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  4. MG
    17/Fev/2009 | 16:55

    Boas Nuno,

    Acho que mais pormenor, menos pormenor, estamos ambos de acordo.
    Corrige-me se estiver enganado.

    Abraço


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  5. 17/Fev/2009 | 16:58

    Mário, certo :)

    Só não entendi o alcance do teu post.

    Abraço.


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  6. MG
    17/Fev/2009 | 17:08

    Nuno,

    O alcançe, é que as medidas estão certas e como qualquer político, as toma no último ano do mandato. Isso por um lado é negativo (esperar para tomar boas medidas por interesse próprio), mas por outro, há que reconhecer que mais vale tarde do que nunca.

    Abraço


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  7. 17/Fev/2009 | 17:08

    Acho que se mantém o que eu disse no comentário. São as coisas certas, mas pelas razões erradas (ganhar eleições), o que faz com que sejam feitas nesta época, e não antes, como deviam ter sido.


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  8. MG
    17/Fev/2009 | 17:28

    Também estou de acordo. A minha questão também é de moralidade. Só expus no artigo a minha dualidade moral-prática em relação ao assunto.


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  9. MG
    19/Fev/2009 | 07:17

    @All: Estive a reler com muita atenção o que escrevi e cheguei à conclusão de que a confusão gerada pelo artigo (tipo, todos em acordo e em desacordo ao mesmo tempo e um bocado de conversa de surdos nos comentários), se deveu à falta de duas palavras num parágrafo que agora editei.

    Versão original:
    « (…) e que por arrasto estas medidas — embora cínicas e oportunistas — não deixam de ser da mais elementar justiça (…) »

    Versão editada (tal como está agora no artigo e as duas palavras em falta, aqui em bold):
    « (…) e que por arrasto estas medidas — embora cínicas e oportunistas no timing — não deixam de ser da mais elementar justiça (…) »

    Penso realmente ter sido esta a falha no artigo e que levou à (mais do que justificada) incompreensão da vossa parte em relação ao que eu tentei transmitir.

    Se ainda seguirem esta discussão, agradeço desde já as vossas opiniões acerca do que escrevo neste comentário. Obviamente se nisso tiverem algum interesse.

    E não quero terminar sem apresentar as minhas sinceras desculpas a todos vós que participaram na discussão.

    MG


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  10. 19/Fev/2009 | 09:25

    Boas,

    Mário, assim a tua opinião é mais perceptível.
    Mas isso não quer dizer que concorde com ela. Aliás, acho que não deves ter problema algum quando não concordam com as tuas opinião, e desde já quero exprimir a minha admiração por pessoas como tu. Defendem os seus pontos de vista com honestidade e coerência.
    De qualquer modo continuo a dizer que, em minha opinião, não nos devemos importar com os timings, mas sim se as medidas são correctas ou não. Para uns virão sempre tarde para outros virão sempre cedo.
    Esta crise foi gerada e está a ser alimentada em grande medida pela falta de confiança. Pergunto se ao lançarem-se outros assuntos para discussão pública, não estaremos a contribuir para que essa confiança volte? Mas claro que não podemos deixar de resolver esta crise.

    Já agora, não tens nada que apresentaram desculpa. Só quem não faz ou discute é que tem de apresentar desculpas.

    Abraço.


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atira-lhe uma pá de carvão

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