Embora me considere uma pessoa informada sobre as questões mais importantes do momento (e no caso deste artigo trata-se da actual crise económica global) e procure sê-la por meios credíveis, não deixo de me considerar um leigo em matéria de Economia Global. E é nesta qualidade que vou mandar aqui as minhas (provavelmente erradas) postas de pescada sobre o assunto.
Dito isto, penso que o Governo não deve investir (pelo menos muito) a estimular/aguentar empresas a torto e a direito. Só nas empresas estratégicas e apenas o essencial.
Penso de outro modo: que a única maneira de sair desta crise mundial e (re)salvar os empregos é gastar dinheiro.
Ora como as pessoas não o têm, terão que ser os Governos a fazê-lo. De preferência em obras públicas de grande dimensão e que uma vez passada a crise, sejam estratégicas para os países. No nosso caso, por exemplo o TGV, o novo Aeroporto, etc. Não excluindo o resto do país, a bem de uma outra mais-valia que seria uma mais justa distribuição de infraestruturas a nível nacional.
É que este tipo de obras gera milhares e milhares de empregos directos e indirectos rapidamente. Logo… mais emprego imediato → mais dinheiro a retornar à Economia → SS mais folgada → mais paz social, etc., etc., etc.
Já toda a gente em Portugal e em todo o mundo percebeu isto e já está a fazê-lo. A começar pelo Obama e a acabar no Sócrates.
Toda a gente, menos a Manuela Ferreira Leite (nem sei que smiley colocar nesta afirmação).
Acontece porém, que lendo os comentários às notícias das versões online dos nossos jornais (não por ter qualquer gosto em o fazer, mas para medir o pulso às massas), a tugolândia interpreta isto como estando o Sócrates a jogar dinheiro pela janela fora (com os tais TGV, novo aeroporto e outros) só por motivos eleitorais.
Convinha que a Comunicação Social (em especial os Telejornais da RTP, SIC e TVI) explicassem isto muito bem explicado e sem ser em “economês” para que a tal tugolândia percebesse. Mas se calhar, estou a ser aqui um bocadinho naif :(
E sim, gosto tanto do Sócrates como de ir ao dentista sem anestesia [1]. Mas nisto, tenho que reconhecer que ele está absolutamente a fazer
aquilo que deve ser feito.
[Esclarecimento]: Não nutro qualquer empatia por nenhum dos nossos partidos políticos e muito menos pelo tipo de Democracia partidocracia em que vivemos neste país. Penso que as Democracias Ocidentais (e não só) necessitam urgentemente de se reinventar. Ou dito em “economês”, de encontrar um novo e mais adequado… modelo de negócio :)
[1]: Apesar de reconhecer que já fez muitas coisas boas. E se noutras boas falhou, muitas vezes foi porque tendo tido boas intenções, sempre foi obviamente um gajo muito mal assessorado (embora seja ele que escolhe os seus assessores). Um exemplo simbólico deste facto, foi aquando da apresentação do Plano Tecnológico Nacional (salvo erro foi aí), as crianças que o seguiam terem sido contratadas a uma empresa de casting. Não que tenha sido ilegal, mas também não é lá uma grande ideia do ponto de vista moral/ético para um Primeiro Ministro.
PS. Qualquer esclarecimento esclarecido (a redundância é propositada), será bem vindo.
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Oi
Concordo em parte. É certo e provado que o investimento público trará benefícios sociais, mas duvido que o seja a curto prazo. Repara que nas fases das aprovações, estudos, análises, etc etc etc, passará muito, muito tempo, em que o dinheiro gasto irá ser para “a malta do costume”. Gabinetes de Estudo, Empresas de Construção Civil e Engenharias, e não para os seus assalariados, construtores ou engenheiros de segunda linha. Haver o retorno imediato destes projectos em termos de emprego parece-me irreal. Até haver emprego, passarão pelo menos 2/3 anos.
Por outro lado, estes investimentos serão caríssimos e serão amortizados ao longo de muitos e muitos anos. Em caso de não retorno espectável ( o que seria perfeitamente normal ) estamos a hipotecar as gerações futuras, as gerações dos nossos filhos e netos. Daí que concordo com a MFL ( embora não goste NADA dela ) de que qualquer investimento público deverá ser muito bem pensado e arquitectado. Ainda não há qualquer estudo que comprove per se que estes investimentos ( TGV e Aeroporto ) serão mais valias para o futuro.
Daí que, embora concordando que deva ser feito investimento público, acho que mais do que nunca este deve ser completamente estudado, fundamentado e analisados os seus riscos, lucros e mais valias a curto, médio e longo prazo.
A usar
Boas,
Também de acordo em parte. Mas pelo menos no que toca ao TGV, novo Aeroporto e outros, com o que já está feito (e gasto) no papel, penso que já se poderia arrancar para qualquer coisa. Quanto ao não retorno, das duas uma: quando chegamos a esse ponto (daqui por uns anos) e já a crise tendo passado, seria muito mais fácil lidar com ele.
Se nessa altura a crise ainda se mantiver… já está tudo espatifado sem… retorno :(
A usar
Eu concordo com o investimento publico, e acho que o TGV será um boa oportunidade, na medida em que terá utilidade no (possivel) mundial de futebol, além da vertente empresarial.Contudo pode também levar a uma fuga das empresas para madrid… por isso há quie pensar bem.
Quanto ao aeroporto, se for construido é preciso ver se vai trazer vantagens. Eu cá sou de opinião de construção, salvaçã ode empresas como a Quimonda, porque estão em pontos especificos do pais e não em lisboa. Porque ai já há muito, é preciso e trabalhar nos arredores…
A usar
Esse arrancar para qualquer coisa é que coloco em causa. Arrancar para quê? terraplanagens? Fundações? ou seja, aquilo que irá gerar e criar emprego?
Ainda não há qualquer plano de engenharia, nenhuma planta, nenhum diagrama, nada…só papelada a dizer que o aeroporto fica bem em alcochete, e alguns estudos prévios. De concreto não há nada…a mesma coisa relativamente ao TGV… Esse ainda é pior, ainda nem sequer há acordo com Espanha para o traçado do mesmo. Isto são processos que demoram ANOS a serem realizados.
Quanto ao resto, estamos nos se’s….se sim, se não, se talvez, sei lá se amanhã estarei cá. Não acho justo colocar em risco as gerações vindouras devido aos erros e à má gestão do passado.
A usar
Considerando que:
1. Não sou economista, pelo que o que vou dizer a seguir pode não passar de grandes barbaridades;
2. O governo não é mais do que a administração desta empresa a que chamamos estado;
3. Os contribuintes portugueses (particulares ou empresas) são os accionistas do estado;
4. Finalmente, e como disseste acima, os portugueses não têm dinheiro,
penso que é um erro o governo investir o pouco dinheiro que ainda tem de reserva (se é que tem algum) em projectos sem ter a certeza que eles trarão algum retorno real, ou seja, que gerem riqueza — produção de bens que evite importações do estrangeiro ou que seja possível exportar para contrabalançar as importações. Se assim não for, o que irá suceder é que iremos esbanjar os últimos bens que temos… Seria como uma família que tendo ficado desempregada de repente e sem qualquer fonte de rendimento fosse gastar os últimos euros que tem no banco num grande plasma lá para casa, em vez de os investir em algo que pudesse garantir-lhes receitas para o dia a dia.
Resumindo, todo o gasto que não gera receitas reais[1] é um luxo, não um investimento. Portanto, se o TGV e o Aeroporto não pagarem o investimento feito em receitas para o país, a sua construção, no momento em que estamos, só servirá para nos afundar.
[1] Os impostos que as empresas e particulares pagarem ao estado como resultado de um investimento do estado não são receitas, porque são sempre menos do que o que se investiu (como é lógico). Uma vez que numa obra pública parte desse investimento ainda irá sair do país (ao pagar mão de obra imigrante e tecnologia e energia adquiridas no estrangeiro), tem de se fazer bem as contas para saber que o dinheiro que entrará no país como resultado desse investimento é superior ao que se investiu.
A usar